Reflexões sobre o Manisfesto (Pai Rivas)
No último dia 07, publicamos no blog o Manifesto “A conscientização política dos umbandistas e dos cidadãos brasileiros” de autoria de F. Rivas Neto - Pai Rivas (Mestre Arhapiagha), Reitor da Faculdade de Teologia Umbandista. Manifesto originalmente publicado no blog que Pai Rivas mantém na web intitulado “Espiritualidade e Ciência” o seu conteúdo gerou naturalmente algumas reflexões pessoais sobre o tema abordado que passo a dividir com os amigos leitores do Umbanda sem Mistério.
Acredito não ser mais nenhuma novidade aos que acompanham a minha trajetória neste blog e nas listas de discussão sobre Umbanda que participo o fato de eu considerar a F.T.U. - Faculdade de Teologia Umbandista como uma das mais relevantes e significativas conquistas da nossa religião nos últimos tempos. Basicamente acompanhei muito de perto o surgimento da Faculdade desde quando era uma idéia, seu planejamento e PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional), sua concretização física, reconhecimento pelo MEC e finalmente a sua primeira turma de graduados. Depois destes primeiros, quantos outros já findaram esta nobre academia umbandista? Quantos irmãos de santé e amigos, apenas para ficarmos no exemplo, hoje orgulhosamente eu posso chamar de teólogos umbandistas? Graças a Zambi, muitos!
Sempre faço questão de ressaltar que a F.T.U. colocou a Umbanda definitivamente no mesmo patamar de igualdade acadêmica com as diversas religiões que já possuíam instituições de ensino superior em Teologia, longe de ser este ponto o único e mais importante mérito da academia em nossa religião.
A F.T.U. propugna ser uma instituição promotora e geradora de liberdades e cumpre plenamente este papel quando o seu Excelentíssimo Reitor e preclaro Sacerdote umbandista lança este manifesto que sintetiza e clarifica para toda a sociedade civil a visão da Umbanda e das Religiões Afro-brasileiras, no que diz respeito a um dos cinco eixos básicos e fundamentais da sociedade: o Político (consciência e escolha dos representantes).
Sendo auto-explicativo o Manifesto e dotado de uma clareza o seu entendimento, detenhamo-nos no fato que antes de ser redigido e assinado pelo Reitor da F.T.U., o que está exposto no seu conteúdo representa a essência do que é vivido, discutido, debatido, pesquisado e ensinado no interior das salas de aula da Faculdade, portanto, como já o dissemos é uma síntese do pensamento universalista comungado tanto pelo seu corpo docente como pelo dicente.
Esta conscientização haurida na rotina acadêmica da F.T.U. é o que move a consubstanciação dos objetivos do seu Curso de Teologia a saber:
“a) Preparar pesquisadores que possam contribuir para o progresso do Conhecimento do homem sobre si mesmo, sobre o mundo que o cerca e para a construção de uma sociedade pautada nos princípios de convergência e Paz Mundial.
b) Formar docentes para a educação básica que sejam capazes de responder, em suas práticas educacionais, às exigências de uma educação humanística espiritualizante, comprometida com a formação acadêmica, da cidadania planetária e do caráter ético de seus educandos.
c) Desenvolver no graduando a visão Síntese, neutralizando as dualidades internas e externas e promover uma postura de evolução contínua, pautada na perseverança, determinação e compreensão da dialética da vida.
d) Formar agentes transformadores sociais, capazes de atuar em suas profissões e nas áreas de suas formações acadêmicas como estimuladores da renovação de valores, do exercício de cidadania e tolerância, da idéia de interdependência e a responsabilidade individual sobre o bem coletivo.
e) Capacitar teólogos para difundir a busca do Sagrado para todos, respeitando as escolhas religiosas de cada um e para atuar nos debates inter-religiosos favorecendo a convivência pacífica e a convergência.
Conclusão: O profissional formado pelo Curso de Teologia da Faculdade de Teologia Umbandista deverá estar preparado para desenvolver pesquisas, estudos e atividades profissionais nos campos sociais e organizacionais em geral.
Sua experiência com a Epistemologia, Ética e Método da Umbanda deverá capacita-lo a trabalhar especialmente em áreas onde seja fundamental a promoção de uma relacionamento mais humanizado, seja entre profissionais de uma organização ou no relacionamento com o público. Sua interferência nos processos sociais, nas diversas áreas, deverá ser capaz de estimular a cooperação, minimizar a competição, melhorar a qualidade de vida e de trabalho, intermediar o consenso entre interesses diversos com vistas ao bem comum”.(1)
Esta é a digna contribuição do téologo umbandista a sociedade planetária. Colaborar efetivamente para auto-realização do ser humano e a a busca incessante da concretização de uma nova realidade social mais justa e igualitária, com isonomia e inclusão total já!
Chegamos a um ponto de exaustão em relação a corrupção (ativa e passiva), as fichas sujas de candidatos, a eleição de quem muito promete e pouco cumpre, a reeleição de carreiristas históricos, as oligarquias que não se cansam de refastelar-se no poder, entre tantas chagas da politicagem brasileira. Para completar um quadro que ainda vivenciamos no seio do nosso movimento religioso e que o Manifesto em questão repudia: “(...) a FTU não concorda com o posicionamento de certos indivíduos que sem nenhuma contribuição significativa para a nossa comunidade religiosa, sem experiência política alguma, pleiteiam cargos eletivos querendo fazer da Umbanda e das Religiões Afro-brasileiras uma massa de manobra. Ou seja, como um meio de chegar ao poder para apenas atender aos interesses pessoais ou de seu grupo político”.
Todos os umbandistas, integrantes das religiões afro-brasileiras e suas instituições deveriam abraçar as propostas esposadas no Manifesto e trabalhar em suas coletividades este nível de conscientização política.
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