Que Deus é esse?
Ao dirigir hoje pela rua, me deparei com uma frase, no vidro traseiro de um carro, que me chamou a atenção e dizia o seguinte:
"O meu Deus é um Deus de milagres"
Acredito, que é possível se perceber o posicionamento errôneo de tal assertiva, senão vejamos:
1) Quando se diz "O meu Deus (...)" se incorre em dois erros graves:
a) Se coloca Deus, como pertencente a pessoa, como sua propriedade, enquanto somos nós que pertencemos, ou melhor colocando, somos filhos de Deus.
b) Ao pronunciar tais palavras, abrimos para existência de tipos de Deus, pelo menos fica implícito de cara, que se existe "O meu Deus", sendo este diferente do Deus dos outros.
2) "O meu Deus (...)" então é discriminatório e religiosamente incorreto. Discriminatório, tendo em vista, o colocado no sub-item "b" e religiosamente incorreto, no instante, que Deus deixa de ser um só, para ficar dividido em diversos tipos.
3) Ao caracterizar este meu Deus como "(...) um Deus de milagres" é o mesmo que declarar, que somente "o meu Deus" é capaz de operar tal feito. Quanto ao Deus dos outros, fica a dúvida no ar. Desta forma, a minha crença nesse Deus pessoal é excludente. Aqui, deixo claro, não entro no mérito do que seja milagre.
4) Por consequência direta, somente serão meus irmãos, os que compartilharem a mesma crença que possuo. As demais pessoas, como se diz, somente Deus sabe que significado possui para tal credo.
Conclusão:
A frase acima, portanto, é fundamentalista, dogmática, religiosamente incorreta, profundamente intolerante, discriminatória, excludente e impositora.
Essa frase afirmativa, deixa um questionamento aberto: Que Deus será esse?
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Sou feita no Omoloco, professora universitária, Mestre em Educação e Língua Inglesa e também estudo os temas relacionados à Umbanda.